Quando
na tarde da última quarta-feira (02/12/2015), a bancada do PT decidiu que seus
três representantes no Conselho de Ética deveriam votar pela continuidade do
processo de cassação do Presidente da Câmara dos Deputados, eles abriram a
tampa do caixão e decretaram a abertura do processo de impeachment contra a
Presidenta Dilma Rousselff. Ou seja, decidiram que seria mais importante a
sobrevivência do Partido do que a sobrevivência da Presidente. É o início do
isolamento político da Presidenta no Congresso Nacional.
Esse
processo de isolamento político foi a principal causa do impeachment do
Presidente Fernando Color de Melo em 1992. Quem assistiu ao vivo em 29/12/1992
à confirmação da cassação pelos membros do Senado, constatou o terrível isolamento
político em que ficou o Presidente, que iniciou seu mandato com 71% de
aprovação popular e acabou com 9%. O resultado da votação no Senado foi de 76
votos a favor da cassação e dois contra a cassação.
Quem
assistiu hoje à leitura na Câmara dos Deputados do pedido de impeachment da
Presidenta Dilma Rousselff apresentado pelos juristas Hélio Bicudo, Miguel
Reale Junior e Janaína Conceição Paschoal, ficou estarrecido com a quantidade e
magnitude das irregularidades e manipulações das contas públicas ocorridas tanto
no exercício de 2014 quanto no presente exercício. E tudo minuciosamente
analisado e comprovado pelo Tribunal de Contas da União, que recomendou por
unanimidade ao Congresso Nacional a reprovação das contas de 2014. Esta é a
segunda vez que o TCU recomenda a reprovação das contas de um presidente desde
que o órgão foi criado, em 1890. Em
1937, o tribunal aprovou um parecer prévio pela reprovação das contas do
governo de Getúlio Vargas.
Tecnicamente,
o impeachment da Presidenta por improbidade administrativa é inquestionável.
Assim, a Presidente só se salva da cassação se tiver o apoio político
suficiente para se sustentar no cargo. Acontece que, como vimos no caso da
cassação do Collor, esse apoio político depende basicamente do nível de
aceitação ou rejeição do governo por parte da população. Fernando Color
alcançou o maior nível de rejeição de um Presidente (68%) em setembro de 1992; ou
seja, três meses antes de sua cassação.
Esse recorde negativo foi superado por Dilma Rousseff em agosto quando
alcançou um índice de 71% de rejeição. Os dados de novembro mostram um índice
de rejeição ligeiramente inferior, 67% segundo a última pesquisa do Datafolha.
Os dirigentes do PT também estão atentos, tal vez mais do que ninguém, às
pesquisas de opinião pública e talvez tenham decidido iniciar um processo de
afastamento de Dilma par evitar uma catástrofe eleitoral nas próximas
eleições. Parece que o PT jogou Dilma
aos lobos. Se essa hipótese se confirmar, só um milagre salva a Presidenta
Dilma Rousseff do impeachment.
Nenhum comentário:
Postar um comentário