segunda-feira, 4 de julho de 2016

O PT JOGOU DILMA AOS LOBOS.

Quando na tarde da última quarta-feira (02/12/2015), a bancada do PT decidiu que seus três representantes no Conselho de Ética deveriam votar pela continuidade do processo de cassação do Presidente da Câmara dos Deputados, eles abriram a tampa do caixão e decretaram a abertura do processo de impeachment contra a Presidenta Dilma Rousselff. Ou seja, decidiram que seria mais importante a sobrevivência do Partido do que a sobrevivência da Presidente. É o início do isolamento político da Presidenta no Congresso Nacional.

Esse processo de isolamento político foi a principal causa do impeachment do Presidente Fernando Color de Melo em 1992. Quem assistiu ao vivo em 29/12/1992 à confirmação da cassação pelos membros do Senado, constatou o terrível isolamento político em que ficou o Presidente, que iniciou seu mandato com 71% de aprovação popular e acabou com 9%. O resultado da votação no Senado foi de 76 votos a favor da cassação e dois contra a cassação.

Quem assistiu hoje à leitura na Câmara dos Deputados do pedido de impeachment da Presidenta Dilma Rousselff apresentado pelos juristas Hélio Bicudo, Miguel Reale Junior e Janaína Conceição Paschoal, ficou estarrecido com a quantidade e magnitude das irregularidades e manipulações das contas públicas ocorridas tanto no exercício de 2014 quanto no presente exercício. E tudo minuciosamente analisado e comprovado pelo Tribunal de Contas da União, que recomendou por unanimidade ao Congresso Nacional a reprovação das contas de 2014. Esta é a segunda vez que o TCU recomenda a reprovação das contas de um presidente desde que o órgão foi criado, em 1890.  Em 1937, o tribunal aprovou um parecer prévio pela reprovação das contas do governo de Getúlio Vargas.

Tecnicamente, o impeachment da Presidenta por improbidade administrativa é inquestionável. Assim, a Presidente só se salva da cassação se tiver o apoio político suficiente para se sustentar no cargo. Acontece que, como vimos no caso da cassação do Collor, esse apoio político depende basicamente do nível de aceitação ou rejeição do governo por parte da população. Fernando Color alcançou o maior nível de rejeição de um Presidente (68%) em setembro de 1992; ou seja, três meses antes de sua cassação.  Esse recorde negativo foi superado por Dilma Rousseff em agosto quando alcançou um índice de 71% de rejeição. Os dados de novembro mostram um índice de rejeição ligeiramente inferior, 67% segundo a última pesquisa do Datafolha. Os dirigentes do PT também estão atentos, tal vez mais do que ninguém, às pesquisas de opinião pública e talvez tenham decidido iniciar um processo de afastamento de Dilma par evitar uma catástrofe eleitoral nas próximas eleições.  Parece que o PT jogou Dilma aos lobos. Se essa hipótese se confirmar, só um milagre salva a Presidenta Dilma Rousseff do impeachment.




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